ENTREVISTA COM REITOR E VICE-REITORA ELEITOS PARA PRÓXIMA GESTÃO DA UNEMAT

Entrevista com reitor e vice-reitora eleitos para próxima gestão da Unemat


18/06/2018 08:58:00
Por Hemilia Maia
Foto por: Moisés Bandeira

GESTÃO 2019-2022

O reitor eleito da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), professor Rodrigo Bruno Zanin, atual pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Instituição, é doutor em Ciências Cartográficas, graduado em Matemática e atua na gestão da Instituição desde 2009. Anteriormente ao cargo de pró-reitor, Rodrigo Zanin foi diretor político-pedagógico e financeiro do Câmpus Universitário de Sinop nos anos de 2009 a 2014.

A vice-reitora eleita, professora Nilce Maria da Silva, é doutora em Linguística, graduada em Letras pela Unemat e já ocupou diversos cargos de gestão na Universidade. Atualmente, dirige a Gestão de Educação a Distância e coordena a Universidade Aberta do Brasil/Unemat, ambos desde 2015.

Em entrevista à Assessoria de Comunicação da Unemat, os futuros gestores da Instituição, eleitos com 64,8% dos votos válidos no último dia 7, garantiram que a gestão será de diálogo, com prioridades bem definidas, avanços e desafios.

1 - Os senhores foram eleitos reitor e vice-reitora da Unemat, gestão 2019-2022. O que a comunidade acadêmica pode esperar dos senhores que se elegeram baseando suas propostas nos eixos: Pessoas, Comunidade, Conhecimento e Organicidade?

Rodrigo Zanin – Eu quero cumprimentar toda a comunidade acadêmica e a comunidade do Estado de Mato Grosso. É importante deixar claro que iremos priorizar aquilo que foi colocado no Caderno de Proposta. Primeiro, a valorização das pessoas e do ser humano, e o trabalho junto à comunidade. É muito importante que a gente amplie essa interação com a sociedade. O conhecimento e a qualidade acadêmica são fundamentais para uma universidade do porte da Unemat, uma universidade que está inserida no Estado de Mato Grosso e faz a diferença técnico científica para o estado. Com relação à Organicidade nós precisamos avançar, melhorar nossa organização e dar mais visibilidade as ações da e na universidade, ampliar as condições de participação da comunidade acadêmica na gestão.

2 - Qual será o perfil adotado pela gestão?

Nilce Maria - O perfil da gestão participativa. Ampliar os processos de participação da comunidade acadêmica na gestão da Universidade. Entre as possibilidades da gestão participativa, podemos apontar o PEP, que tem uma participação de toda comunidade acadêmica, e nossos colegiados, que são instâncias de discussão política, administrativa e financeira, com condição de discutir, propor, aprovar e encaminhar as discussões da Universidade. Ainda assim, nossos câmpus, polos e núcleos precisam ser mais visitados e a comunidade acadêmica mais ouvida em suas solicitações e demandas.

Rodrigo Zanin - É importante deixar claro que o diálogo constante com a comunidade acadêmica será o principal perfil dessa nova gestão, que é uma continuidade da atual. A gestão atual inaugurou esse formato, e nós também teremos como prioridade manter e ampliar os espaços de diálogo.

3 - O slogan Integração, fortalecendo relações; parece uma demonstração da preservação de união da Instituição. Vencido o medo inicial da desestabilização dessa conquista ainda há um descontentamento por parte de uma parcela da sociedade cacerense. Um reitor de fora?

Rodrigo Zanin - A Unemat é única. A gestão dessa universidade tem que ser única. O reitor, de onde quer que seja, terá que fazer a gestão para a Unemat. A Nilce e eu pensamos que, depois de 40 anos, a Universidade mostra maturidade para entender que ela cresceu, se desenvolveu e que hoje, de alguma forma, ela está presente em todos os municípios do Estado de Mato Grosso. Assim pergunto qual impedimento ter um gestor de outro município, já que a Universidade é a Universidade do Estado de Mato Grosso?

Nilce Maria - Quando se fala na integração, fortalecendo relações, destaco que a Universidade foi criada para ser forte. Embora tenha começado muito pequena, quando ela se expande em 10 câmpus, ainda na década de 90, já se podia ver o perfil da Unemat que é o de integrar o Estado, por meio de uma Instituição própria.

4 - O senhor era até então o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Unemat. Como a nova gestão pretende articular a interação pesquisa e sociedade? Não só pesquisa, mas extensão também?

Rodrigo Zanin - É importante olhar a pesquisa, extensão e também ensino da Unemat como fundamentais para o desenvolvimento deste Estado. Se olharmos para a sociedade brasileira, para a relação que ela tem com o desenvolvimento da ciência, com as ações de extensão e a importância do ensino, vamos constatar que nós não podemos ser uma universidade “fechada”, que não conversa com a sociedade. Nós temos que ampliar cada vez mais essas ações, a produção do conhecimento e o desenvolvimento da ciência são essenciais para a sociedade e, deixar claro que isso é condição fundamental para as universidades, não só a Unemat, mas para todas as universidades do Brasil. Quando nós olhamos para a Unemat presente em três biomas, fazendo pesquisa em todos os locais de atuação, em todas as suas áreas do conhecimento com condições efetivas de fazer a diferença para a sociedade, entendemos que precisamos fazer com que a sociedade também olhe para Unemat e entenda a sua importância, entenda que ela é fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado. E, assim, nós teremos a sociedade defendendo e valorizando cada vez mais a Unemat.

5 - Por ter recebido o apoio da atual gestão, pode-se esperar que a gestão 2018-2022 seja uma gestão de continuidade?

Rodrigo Zanin - Sim. Uma gestão de continuidade para tudo aquilo que vem dando certo. É óbvio que temos que avançar, há mais políticas para serem discutidas e implementadas, mas nós não temos problemas de entender que continuaremos um processo que ainda precisa passar por avanços. É um processo de continuidade da atual gestão sim mesmo porque, tanto Nilce quanto eu, fazemos parte da gestão e nos reconhecemos como participantes da gestão atual.

Nilce Maria - Os projetos e as conquistas que são boas precisam continuar. Os projetos em andamento na Universidade precisam ser entendidos como projetos da Universidade, não de uma gestão. Como fazemos parte da gestão da professora Ana [Di Renzo, atual reitora], acompanhamos muitas conquistas. Uma delas é o fortalecimento dos programas de pós-graduação. Muda-se a gestão, mas será preciso continuar fortalecendo os programas de pós-graduação, a relação entre a graduação e a pós-graduação e tantos outros projetos para que a Universidade saia ganhando nesse processo.

6 - Como a nova gestão abraçará as questões de infraestrutura da Instituição?

Rodrigo Zanin – Com prioridade, mas nunca se esquecendo das pessoas e sua valorização. É sempre prioridade a questão de infraestrutura. Mas é preciso entender um pouco do processo histórico das universidades brasileiras. Todas as grandes universidades brasileiras fizeram investimento em pessoas, numa condição muito especial. Depois, com um corpo técnico forte,estabelecido, em condição de fazer a diferença, as infraestruturas começaram a ser cuidadas. Com a Unemat não é diferente. Nós tínhamos, em 1998, apenas um doutor na Universidade e hoje, 20 anos depois, nós temos 430 doutores. Ou seja, a Universidade investiu maciçamente na formação de pessoas, na formação do seu corpo técnico, nas condições necessárias para que agora a gente trabalhe as melhorias e ampliações das infraestruturas para atender os novos avanços da Unemat.

7 - Quanto à estabilização do percentual, que vinha crescendo ano a ano, junto a receita corrente líquida do Estado na composição do orçamento. Isso representaria uma estagnação?

Rodrigo Zanin - Não. Primeiro precisamos lembrar que a Receita Corrente Líquida, a RCL do Estado sempre tem um aumento, por isso que lutamos para vincular nosso orçamento a RCL. Embora o país possa passar por recessão e o Estado de Mato Grosso cresça menos do que vinha crescendo, ainda temos um crescimento. Então nosso orçamento não está estagnado. No entanto, a gente tem que ter responsabilidade para que as despesas de custeio e manutenção da Unemat não ultrapassem os 2,5% da receita corrente líquida. Assim quando falamos que não há estagnação, não quer dizer que vamos ampliar câmpus ou cursos regulares, pois isso é impossível sem discutir um aumento do percentual da RCL. Dessa forma, nós também não podemos dizer que vamos parar de crescer e expandir em outras condições porque nós temos a pós-graduação. Nós temos que verticalizar. A verticalização e o aumento dos programas de pós-graduação são condição para que essa Universidade sobreviva aos desafios que tem pela frente. Nós não podemos falar em estagnação, mas temos que ser responsáveis e saber onde e como crescer.

8 - Quais serão os principais desafios desse mandato?

Rodrigo Zanin - Costumo dizer duas palavras: estrutura e conjuntura. Nós temos os desafios de estrutura, que são os internos tais como infraestrutura, organicidade, as reformas necessárias do ensino, ampliação da nossa relação com a comunidade, e valorização das pessoas. E os desafios de conjuntura, que são os externos. É ter condições de enfrentar os desafios que estão por vir no âmbito nacional e estadual. Hoje, não podemos fechar os olhos aos acontecimentos no país, principalmente, aos ataques às universidades públicas brasileiras, do ponto de vista de financiamento e manutenção. E só vamos conseguir enfrentar os desafios de conjuntura com uma universidade mais forte, mais unida, mais integrada e que tenha na pesquisa, no ensino e na extensão uma relação também de integração, para poder mostrar para sociedade o quanto nós somos importantes, o quanto nós fazemos a diferença para a população e para o Estado de Mato Grosso.

Nilce Maria - Um dos nossos grandes desafios é também manter essa Universidade pública, gratuita, cada vez mais entranhada na comunidade mato-grossense e que essa comunidade continue a nos defender enquanto universidade pública. A Universidade também garantirá seu espaço de universidade pública e gratuita para todos valorizando cada vez mais as pessoas em nível de graduação e pós-graduação para o Estado e para o Brasil e qualificando, continuamente, nosso corpo docente e técnico.





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